O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a megaoperação policial realizada na semana passada no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, classificando-a como uma “matança”. Em entrevista a agências internacionais em Belém, nesta terça-feira (4/11), Lula afirmou que, apesar do alto número de mortes poder ser visto como um sucesso por alguns, a ação do Estado foi “desastrosa”. Ele destacou que a operação resultou em ao menos 121 mortos e 112 presos, mas enfatizou que a ordem judicial era para prisões, não para execuções. O presidente anunciou que o governo federal pretende investigar possíveis irregularidades nas mortes, inclusive com a participação de legistas da Polícia Federal para analisar as circunstâncias dos confrontos.
Essa foi a primeira manifestação pública de Lula sobre a operação conduzida pela Polícia Civil e Militar do Rio de Janeiro. Antes de seu pronunciamento, ministros do Palácio do Planalto já haviam expressado críticas aos métodos empregados. Guilherme Boulos, titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, questionou a abordagem, argumentando que o crime organizado não se resume às favelas, mas envolve lavagem de dinheiro em centros financeiros como a avenida Faria Lima, em São Paulo, citando a Operação Carbono Oculto da Polícia Federal como exemplo.
Apesar das críticas federais, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), defendeu a operação como um “sucesso” e alinhada a preceitos constitucionais. Em reunião com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira (3/11), Castro solidarizou-se com as famílias dos quatro policiais mortos, afirmando que eles foram as únicas vítimas e que a conduta policial foi apropriada para proteger a população.